Os fascistas que se disfarçaram de antifascistas na minha turma da faculdade
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."
(Saramago)
"Um fascista é sempre fascista, ainda que para se disfarçar, ele decore todas as obras de Karl Marx".
(E. E-Kan)
Era uma sala de aula de um curso de Letras de uma universidade pública nos confins do mundo, aparentemente comum e engraçada. Por parte da 'maioria' dos alunos não tinha profundidade, não tinha estudo de verdade, não tinha amizade de verdade, não tinha respeito de verdade, não tinha nada. Os membros dessa 'panela/grupo' de alunos fascistas que se autoproclamavam 'a maioria', todos os dias faziam piadas de mal gosto com as outras pessoas. Num dia desses, do nada, esse grupo intensificou seu comportamento criminoso e ergueu sua bandeira de ódio e intolerância no famigerado grupo de WhatsApp, atacando uma professora, só por não gostar dela, como se os vários anos de profissão dela, fossem menos que nada e como se eles, os cretinos, já tivessem todo o conhecimento de tudo. Um dos infames fascistas disse: "Graças a Deus que temos aula só esse ano com ela", entre outras coisas que nem ousamos reproduzir aqui, seguido de vários impropérios comentados por outros tipos igualmente hipócritas, arrogantes, ignorantes e maldosos.
Quando as mensagens odientas vazaram e as máscaras deles caíram, eles alegaram que "não tinham dito e feito nada demais porque são pessoas do bem, logo, esses tipos de indivíduos jamais poderiam causar mal a outras pessoas maldosas. "Foram só umas piadinhas", eles disseram.
Não bastando ter ofendido profundamente a professora e a outros colegas, os fascistas sociopatas resolveram adotar a mais descarada máscara de antifascistas, se dizendo 'progressistas e socialistas' desde criancinhas, mesmo todo mundo sabendo, pelas atitudes deles e pelas fotos em suas redes sociais, que isso estava muito longe da verdade. Com o disfarce de antifascistas, eles se sentiam autorizados a fazer o que bem entender contra as outras pessoas e emparedar os colegas que denunciavam seus atos e falas. Ou seja, agindo como todos os fascistas sempre fazem, com suas mentes doentias e suas palavras afiadas, eles ridicularizavam e perseguiram impiedosamente aqueles que ousavam denunciar seus absurdos e, como sempre, colocavam a culpa nas vítimas. A atmosfera tóxica pairava, sufocando a esperança e a justiça, agravada pela vista grossa do departamento e da própria direção da universidade que nada faziam e, assim, deixavam os fascistas impunes e à vontade para seguirem com suas posturas hediondas, diariamente.
As vítimas, marginalizadas e silenciadas, buscaram apoio e solidariedade em professores, mas a maioria achava melhor não se colocar no meio, alegando que se tratavam "apenas de bobagens e brigas entre alunos, que logo passariam". E assim, a coragem para enfrentar os opressores estava sempre repleta de medo e um altíssimo estresse entre a minoria que resistia bravamente. Mesmo diante de coisas que se tornavam cada dia mais violentas e absurdas, a reitoria, os departamentos, e os professores, temendo represálias, se mantinham neutros, ignorando a semente do mal que crescia em seu meio.
O grupo fascista exercia seu poder com impunidade, alimentando-se do desespero de seus alvos. Desafiavam os limites da decência, disseminando discursos de ódio e propagando sua ideologia venenosa sem restrições e, assim, inspiravam outros grupos em outras salas de aula e, com o tempo, toda a universidade estava, em sua maioria, tomada pelos odiosos, fascistas disfarçados de antifascistas.
As esperanças de justiça começaram a desvanecer, à medida que o grupo fascista consolidava sua influência sobre a sala de aula. A resistência parecia impotente diante da apatia e do medo generalizados. Os oprimidos se viam cada vez mais isolados, suas vozes abafadas pelo rugido ensurdecedor dos opressores. A sala de aula se tornara um campo minado, onde a paz e o respeito eram meras ilusões.
Até que um dia, um dos alunos mais perseguidos, não conseguindo mais suportar a dor de ter que encarar todo o dia os ataques verbais, físicos e psicológicos, acabou por tirar a própria vida. Outro, infelizmente, surtou e entrou atirando na sala de aula, matando quatro da 'panela/grupo' dos fascistas, tirando a própria vida depois. Foi o dia mais horrível e triste da história daquela cidadezinha e da universidade. A notícia correu os noticiários, mas foi só por um momento. Após uma semana, as aulas retornaram como se nada tivesse acontecido e os fascistas sobreviventes, continuaram espalhando o veneno do ódio da opressão na universidade, sob total vista grossa da direção e dos departamentos, que alegavam, mesmo após o terrível dia, 'buscar preservar a imagem da universidade'.
Contudo, mesmo com o fascismo estrutural se restabelecendo após o dia fatídico, enquanto o grupo fascista saía impune, o fogo da resistência ainda ardia nas almas daqueles que se recusaram a aceitar a derrota. Então, mesmo sofrendo horrores diariamente, sem apoio, ainda perseguidos e rotulados de 'maus', os bons se organizaram e resolveram lutar para valer, em busca de um futuro melhor, onde o amor e a justiça eventualmente prevaleceriam. Infelizmente, já era tarde demais para pedir bom senso a todos e a universidade, como a comunidade em volta dela, se tornaram um campo de batalha tomado por uma guerra de guerrilhas.
No final, a impunidade reinou. O grupo fascista continuou seu reinado de terror, fortalecido pela falta de ação daqueles que poderiam ter agido. As vítimas, sobrecarregadas e desiludidas, se resignaram à triste realidade de que a justiça nem sempre triunfa. Esse breve conto nos lembra que nem todas as histórias têm finais felizes, e nem todos os opressores enfrentam as consequências de seus atos. A injustiça prevaleceu naquela sala de aula, deixando cicatrizes profundas nas mentes e nos corações daqueles que foram perseguidos.
No entanto, isso também é um puta lembrete de que a luta contra o fascismo e a intolerância, principalmente, a luta contra o fascismo estrutural, não pode ser ignorada. Ela nos encoraja a tomar medidas para criar um ambiente seguro e inclusivo, onde todos possam se expressar livremente e serem protegidos contra a opressão.
Fica o aprendizado, quando aqueles que tem autoridade para fazer alguma coisa contra o fascismo e nada fazem, alegando 'preservar a boa imagem da universidade' ou por quaisquer outros mil motivos esdrúxulos, achando que assim estão isentos da responsabilidade, o mal cresce, toma forma e destrói tudo. Não existe essa de "são meras bobagens quando se trata de fascistas e nazifascistas", porque esses tipos de indivíduos vivem para mentir e destruir tudo à sua volta. O mal do fascismo, principalmente, o do fascismo estrutural nas universidades, deve ser cortado pela raiz. Repito, quem pode fazer alguma coisa e não faz nada contra o fascismo, não é isento, não é vítima, é cúmplice.
E. E-Kan
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Posfácio
As pessoas dizem que a tempestade sempre passa. Sim, elas estão certas. Mas, elas falam isso como se nunca mais fosse ter uma nova tempestade. E as tempestades continuam vindo. Coisa semelhante ocorreu na Alemanha, após a prisão e soltura do infame Adolf Hitler. Muitos acharam que dali em diante, Hitler estava acabado, sem chance alguma de chegar ao Poder. Então, Hitler e seus hediondos seguidores, pouco a pouco, "suavizaram" o discurso e a narrativa, inclusive, descaradamente, colocaram até a palavra "socialista" no macabro nome do partido e quando viram que grande parte da população já os apoiava, recomeçaram a mostrar a verdadeira face. Mas, já era tarde demais para o povo entender o que estava se passando e para que tipo de inferno na Terra estava caminhando.
No Brasil, coisa semelhante acontece diante dos olhos de todos após a ascensão da extrema-direita que, por pouco, não conseguiu dar um golpe de Estado em pleno século XXI, no fatídico oito de janeiro de dois mil e vinte e três. Com a queda do Politicopata inominável, muitos progressistas brasileiros, empolgados com o fim dos quatro anos tenebrosos de outrora que pareciam sem fim, relaxaram e, sob o já manjado argumento falacioso de "governabilidade", tragicamente, se acostumaram novamente a "deixar para lá", se detendo apenas às polêmicas fúteis do Twitter. De fato, muitos da esquerda nacional, unida apenas em véspera de eleição e desunida em grande parte do tempo, acham, muito equivocadamente, que o verme fascista morreu, que o fascismo já se esvaiu no Brasil, sobretudo, que o nazifascismo brasileiro, acabou.
Não, o fascismo não acabou. O verme do fascismo está se transformando, se adaptando, se disfarçando e um dos disfarces mais enganosos é o do antifascismo. O sintoma mais claro disso, além das ruas, pode ser visto nas salas de aula das universidades públicas, onde vemos, todos os dias, tremendos nazifascistas dissimulados, cínicos, medonhos, tentando se disfarçar de antifascistas e até se dizendo, com a maior cara de cinismo e por pura bandidagem, "progressistas desde criancinhas". Inclusive, de uns tempos para cá, quem observa as coisas, sabe bem do que estou falando, o Hediondo Inominável, tem se declarado de Centro e Centro-direita e os fanáticos bovinos, "malandramente", tem repetido o mesmo discurso, principalmente, em sala de aula. De fato, dissimulam e se disfarçam, principalmente de antifascistas e progressistas, como se isso os autorizasse a continuarem a cometer as suas barbaridades de outrora, só que agora, de maneira um 'pouco mais elaborada'. Quando pegos ou denunciados, se dizem "inocentes pessoas do bem que não falaram nada e não fizeram nada demais". Impunes, em 'panelinhas', seguem aprimorando os ataques, as perseguições, as torturas morais e os abusos físicos e psicológicos.
Em resumo, quem acha que o fascismo brasileiro acabou, que o nazifascismo brasileiro acabou, está muitíssimo enganado e quem ainda passa pano para as hordas radicais, principalmente, para os tipos que tentam se disfarçar de progressistas, vestindo o discurso e a narrativa progressistas/socialistas, está sendo cúmplice do cultivo da semente do mal que ainda não foi exterminada e que pode voltar à qualquer momento. Desta forma, fica aqui um alerta muito honesto e sincero de um crítico construtivo severo da esquerda brasileira: fiquem espertos, principalmente, com os tipos fascistas que se disfarçam de antifascistas, especialmente, em sala de aula. Não passem a mão na cabeça, não passem pano porque senão, os hediondos passarão novamente, como passaram antes. Estamos, de fato, diante da forma mais perigosa das trevas, que é o fascismo estrutural em transformação.
E. E-Kan
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