A Recrutadora Sádica - RH do Ódio
A Recrutadora Sádica
RH do Ódio
Baseado num fato real
O que tem acontecido no Brasil na realidade, nem os maiores autores de distopia e de ficção poderiam imaginar. Tem muitos sádicos por aí que se divertem com o sofrimento do povo, em toda a parte, especialmente, nas áreas relacionadas ao trabalho, especificamente, em recrutamentos. O grande público ou não vê ou vê mas finge que não vê, sendo igualmente sádico em relação a essa realidade.
Muito pouco se fala nisso porque se dá muita atenção aos Clickbait da velha mídia que diz e repete o mesmo assunto batido como se fosse algo novo o dia todo, as politicagens, sobretudo, à miscelânea de fake news, narrativas, pós-verdades e distorções interpretativas propagados nas redes umbrais sociais, mas, pouco, pouquíssimo se fala da realidade do povo, do povão, de fato.
Uma das coisas da realidade que o povo enfrenta diariamente, que muito pouco ou nada se fala é a brutal sacanagem que ocorre nas ditas "Agência do Trabalhador", apelidadas pelo povo de "Agência do Vereador" e o que sucede com certos RH de algumas empresas, apelidados também pelo povo de "RH do Ódio" onde recrutadoras sádicas fazem perguntas bem ao estilo nazifascista de ser, analisam mais a cara, a cor e o gênero da pessoa do que o seu currículo e suas experiências. Quando se trata de pessoas sem experiência ou pessoas acima de 40 anos de idade, então, as piadas bizarras são mais enojantes ainda.
Essa breve crônica, baseada em um fato real, narra um pouco do quão sádica pode ser uma pessoa com um pequeno poder.
Aparício e sua Via Crucis
Há quase um ano desempregado, vivendo de bicos e catando recicláveis pelo bairro à noite para sobreviver, Aparício, um jovem homem de quase 40 anos de idade, várias vezes durante o dia se perguntava se aquele inferno iria durar para sempre. Mesmo assim, ele seguia em frente.
Seu Zé do Bar Birosca precisa de um reparo na instalação elétrica do freezer? Vai lá o Aparício. Dona Tidinha precisa de alguém pra puxar um monte de terra? Lá vai o Aparício. Creusa do Salão precisa de alguém pra arrumar o chuveiro, corre lá o Aparício. E assim ele ia sobrevivendo.
Certo dia, arrumando o chuveiro de Creusa pela enésima vez, ela lhe disse: olha Aparício, diz aqui no facebook que a Agência do Trabalhador abriu 300 vagas para trabalhar no Mercadão. Por que você não vai lá tentar? Vai que consegue um emprego fixo e aí para de sofrer com esse bicos, homem!
Aparício era um homem de poucas palavras porque acreditava que falar além do necessário só dá merda e que é por isso que existe tanta desgraça no mundo, porque as pessoas falam demais, prometem demais, contam com muitos ovos antes das galinhas. Ele olhou de soslaio para Creusa e disse: já perdi meio ano da minha vida indo quase todo dia nessa 'Agência do Vereador' e só o que consegui foi ver a cara de alguns guichês engraçadinhos e safados que olham para você como se tivesse fedendo, todo cagado e aí lhe dizem: 'não tem nada pro teu perfil hoje', tente outro dia.
Creusa acha engraçado e diz: credo! E por que Agência do Vereador, Aparício? Não entendi...
Aparício, suando no pequeno banheiro de Creusa, enquanto descasca os fios do novo chuveiro, lhe responde: por que Agência do Vereador? Por que só colocam como chefe dessa desgraça sujeito pra fazer politicagem e depois sair candidato a vereador, deputado.
Creusa ri: pior que é verdade homem do céu. Só fazem politicagem lá. Minha sobrinha também ficou indo uns dois meses lá e nunca conseguiu nenhum emprego. Dizem que tem gente que já conseguiu ir pra entrevista e até conseguiu alguma coisa mas tipo, parece que dão os emprego melhorzinho pros chegados dos políticos e dos amigos dos políticos. Tem até história de político safado que se aproveita das meninas prometendo facilitar as coisas na tal da Agência.
Aparício: olha Creusa, é tudo um bando de filhos de boas putas, viu. Me desculpe o linguajar, mas vamos falar o 'Portuguêis' claro, curto e grosso, são ou não são um bando de desgraçados? E por toda a parte é assim e na época de eleição é pior ainda. Só sabem fazer o povão de trouxa e o pior de tudo é que o povão, a maioria burro como sempre, ainda cai nos papos dos cretinos.
Creusa: pior que é verdade. Minha sobrinha me contou que uma amiga dela trabalhou num desses Mercadão grandão e só conseguiu a vaga por que era filha de um compadre do vereador Bisonho. Colocaram ela no tal do RH. Ela não sabia fazer nada, nem estudar gostava, só sabia ficar no celular dia inteiro fazendo foto, dancinha e biquinho pro tal do TitikaTok. Mas, como era filha de vereador, enfiaram ela lá. E a menina via tudo o que faziam lá, quietinha, mas depois contava para Deus e a torcida do Flamengo, até que um dia mandaram ela pra outro setor.
Aparício: hum, esses RH, você vai me desculpar, mas pra mim só tem mulher mal comida, mal amada, com raiva do mundo e que desconta tudo no povão. Claro que tem gente que presta lá, mas tem umas 'muié' desses RH que 'pelamor de Deus', 'vamô' falar a verdade, parece que vive com o diabo no 'coro'.
Creusa ri: ai credo, Aparício! Mal comidas! Pior que é verdade, tem muita 'muierada' que vive de mal com a vida por que não tem alegria na cama, vivem estressadas. Umas viram até lésbicas de tanta raiva que ficam dos 'home'. Convenhamos que os 'home' também contribuem pro estresses da 'muierada' né? Mas, Graças à Deus, eu não tenho esse problema.
Aparício: 'o loco' ein, ainda bem! Mas é verdade, brincadagens à parte, é verdade. Tem 'muié' de RH de algumas empresas que parecem que dormiram numa das camas de concreto da cadeia e descontam o tesão reprimido no primeiro pobre diabo que lhe aparece pela frente. Já faz mais ou menos uns 2 meses desde a última vez que cai nessa conversa fiada desses 'jornal' lazarentos. Esses 'jornal', os fidumaégua vivem com dinheiro do povo que recebem das prefeitura pras propagandas enganosas e pra puxar o saco da prefeita, uma velha viciada em dinheiro que mais parece uma múmia do Egito, soltam essas fake news no facebook de que tal empresa abriu 300 vagas disso e daquilo pela 'Agência do Vereador'. A gente, o povão, junta os 'úrtimo' 'caraminguá $' para pegar os busão e ir até o diabo da Agência e chegando lá, como sempre, vê as mesmas vagas fakes de sempre, vagas que nem existem e quando existem uma meia dúzia de vagas, eles falam que é mais de 300 e mandam o povão pras 'tar empresa', fazendo o povão ficar no sol quente e debaixo de chuvas às vezes, sabendo que não tem todas as vagas que anunciam e sabendo que a maioria ali não tem qualificação, nem idade mais, nem chance alguma para as poucas vagas, só pra puxar o saco da prefeita múmia e mostrar que tão fazendo alguma coisa pro povo. No fundo é tudo uma grande filhadaputagem politiqueira criminosa.
Creusa: olha, você tem razão, já vi várias pessoas aqui da Vila que caíram nessa, foram lá na tal Agência como você disse só pra servir de registro pra maquiarem os dados e fingirem que tão gerando emprego. Os babacas da tal da Agência mandam o povão pras filas dos Mercadão, por exemplo, sabendo que de 300 nem 10 vão conseguir alguma coisa, mas pra mostrar que tão fazendo alguma coisa. Mentem pro povo descaradamente. Antes então dissessem a verdade pro povo, tipo 'tem 10 vagas e não 300'. Mas daí o povão não se interessa e a foto não fica boa pras politicagens, né?
Aparício terminando de arrumar o chuveiro de Creusa, diz: é daí pra pior. Eu cai numa dessas filas feito boi pro abate.
Creusa: é mesmo? Como foi?
Aparício: no começo até achei que talvez fosse sério. Era uma vaga de ajudante de carga e descarga pro Mercadão. Fui eu lá na 'tar' Agência, depois na fila do Mercadão umas 'par de horas', e depois a 'tar da Recrutadora', chamou. Fui lá, tinha até tomado banho e botado a roupa de ir na igreja do Pastor Betão.
Creusa ri: é mesmo? E aí?
Aparício: pois olha, a muié ao me ver entrando, eu todo negão, meio suado do calor do capeta que estava na fila, boca seca, morto de sede, parecia que tinha visto um saco de bosta entrando rolando pela porta. Nem me olhou no rosto direito, só olhou por baixo, feito um boi 'brabo'. Por várias vezes ela botava a mão no nariz como se o povo da fila e eu estivéssemos todos cagados, fedendo pra cacete. 'Tá' certo que alguns fediam mesmo, não dá pra negar, mas eu não, tinha até tomado banho, 'incrusive'. E a muié fez poucas perguntas, quase as mesmas de sempre: Quantos anos? Casado? Tem filhos? Onde trabalhou antes? E todas aquelas perguntas de RH. Mas, de repente, do nada, ela parou, tomou um copinho de água e então perguntou: você aceitaria qualquer vaga, domingo a domingo, um salário mínimo + descontos? Eu respondi: claro, 'tô precisando' né? E ela olhou pra outra muié e riu. As duas riram. Fiquei abismado. Qual foi a graça? Perguntei mentalmente. Depois, ela disse assim: o senhor vai votar no Presidente Mito? Disse a ela: não entendi. Ela riu e falou: brincadeira, esqueça. Então, seu Aparício, a gente vai ver outros candidatos aqui e se der certo, a gente liga pro senhor ou manda E-mail. E assim, Creusa, depois de passar o dia inteiro no 'solão', como muitos alí, em menos de 10 minutos, pude ver que era tudo uma encenação, um faz de contas e que eu todo aquele povão alí estava ali só pra satisfazer o tesão reprimido daquelas loucas que só queriam sacanear alguém.
Creusa: deixa te falar, sabe a menina filha do vereador que te falei a pouco?
Aparício: sei, que tem ela?
Creusa: então, nesse dia da fila gigante do Mercadão, ela ainda trabalhava no tal RH e diz ela que depois que acabaram as entrevistas, 'as muié' 'tavam' tomando um cafézinho e falando sobre o dia e uma delas, a 'a tal da Recrutadora', fazia piadas do povão. Coisas do tipo: 'tava um cheiro de 'couro ou pneu queimado' hoje por aqui né? E outras riam e diziam: 'da próxima vez temos de pedir aquelas máscaras de guerra ou aquelas roupas da NASA para não sentir o fedor, oh gente que não toma banho ein?'. E riam. A pior delas, segundo a Menina filha do vereador era a tal Recrutadora, ela parecia se divertir mesmo com o sofrimento do povão e dizia: 'o que mais acho hilário é a cara dos pobres diabos, analfabetos, tontos, fedidos, achando que vão conseguir alguma coisa na porra da vida. Passou dos 40 e é pobre? Tá fodido! Vai morrer pobre e fazendo bicos'. 'Os sujeitos olham pra gente como um cachorro com fome louco por restos, Oh coitados', 'Oh povo fedido, mas eu me divirto' dizia a Recrutadora e ria.
Aparício: mas que 'tar' que 'caipora' ein Creusa? Se for verdade, a Menina bem que podia denunciar só pra ver essas piranhas irem em cana.
Creusa: ah, da onde que vai denunciar, o dela tá garantido em outro setor do Mercadão, onde passa o dia lixando as unhas e fazendo vídeo pro Instagram e TitikaTok, só na mamata porque é filha do vereador Bisonho.
Aparício termina de trocar o chuveiro: pronto, Creusa, 'mais uma obra da Odebrecht'.
Creusa ri: já que é Odebrecht vou falar pro Presidente te pagar a mais, superfaturado, e aí você me dá uns 25% por fora depois, ok?
Aparício ri: é desse jeito né? Mas olha, pra encerrar o assunto, é por isso que tenho nojo da 'tar da Agência do Vereador', porque só fazem o povo de trouxa! E toda vez que vou no Mercadão e vejo aquela Recrutadora rindo como se sua vida fosse um mar de rosas, gozando da pobreza e na cara do povão, me dá vontade de ser um daqueles terroristas dos EUA que entra atirando em todo mundo, claro, não ia ferir inocentes, mas dá vontade de fazer igual, ir na Agência do Vereador, pegar o chefe, depois os atendentes safados que tratam o povo como lixo e depois ir nas empresas que me sacanearam e ao povão e executar todas essas piranhas que riem da cara do povo e o tratam pior do que cachorro. Mas, Graças a Deus, 'nóis é do bem' e Deus sabe o que faz, né? Também, diz o ditado: 'Deus tem muito mais pra dar do que o diabo pra tirar', né não?
Creusa: pior que dá uma raiva mesmo. É foda ser feito de trouxa e ser tratado como lixo e pior do que cachorro. De certo uma pessoa que nem essa tal Recrutadora não tem Deus no coração.
Aparício: são 'tudo' uns lazarento, vivem de aparência, vivem uma vida fake, Creusa. Outro dia mesmo, eu vi a tal Recrutadora saindo da Igreja dos Crentes, pelo visto é Evangélica.
Creusa: peloamor... Sério?
Aparício: como é que diz o Zé do Bar: 'são tudo 'cristrão', gente de bem'.
Creusa: tá 'loco', que coisa, que vergonha ein... Fazem o diabo com o povo e depois vão no 'curto' pagar de 'cristão, abiguinho de Jesus'.
Aparício: é 'pro cê vê', dona Creusa. Fazem o diabo na Terra e depois esperam ir pro Céu, vão, claro que vão, por mim que vão pra puta que partiu! Né?
Creusa e Aparício riram distraidamente.
Aparício encerrou mais um bico, pegou os trocados de Creusa e foi no bar do Zé tomar um litrão gelado. E assim, a vida segue no mundo cão...
Emerson Rodrigues
E-Kan
Filosofia Supra Realista / Crônicas / Realismologia / 2022
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