De Zac Balonoré para ele mesmo




Hoje acordei pensando na quantidade de pessoas de verdade e de mentira, de pessoas vivas e mortas em vida que conheci e sobre o quanto eu fui de verdade, de mentira, vivo e morto em vida para elas. Por um momento, num ímpeto misto de contentamento, tristeza e fúria, pensei em levantar correndo e ir para as redes sociais bloquear todos os falsos, todos os que fingem ser meus amigos, todos os que fingem me amar, todos os que fingem querer meu bem, todos os que fingem estar  interessados no que escrevo, todos os que fingem. Mas, aí pensei se não era melhor eu me auto-exterminar das redes umbrais sociais e desaparecer para sempre?! Com efeito, ponderei, o meu auto-extermínio seria inútil, principalmente, para mim, que vim porque vim a este mundo cão de tragicomédias sem fim. Sem falar, que a grande maioria dos animais falantes que se acham pensantes, já em avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual, nem ligariam e seguiriam achando tudo muito normal, como convém nos dias hodiernos, onde o absurdo, o bizarro, o hediondo, o macabro, inclusive o profundamente triste, chocam por um brevíssimo momento mas logo se tornam, pela mágica da idiotização em massa através da algoritmia do  caos, aliadas à pseudo-correria do dia a dia, tudo muito normal!!! Obviamente, alguns, principalmente, os que se acham meus antípodas, iriam adorar saber do meu auto-extermínio virtual, talvez até bebessem algo para comemorar, achando que enganam a si mesmos, afinal, todos sabemos que quem diz que odeia, ama profundamente, no mais recôndito segredo. O fato é que ninguém iria ficar triste, o que parece bom! Contudo, após pensar e pensar, ruminantemente, exatamente 'no momento que eu resolvi partir, eu decidi ficar' e não dar 'o gostinho' para nenhum 'fingidor'. Resolvi não me auto-exterminar e nem exterminar a ninguém, decidi deixar todos os fingidores como estão, em seus devidos lugares no Não-ser, achando que podem se enganar, enganar a mim e a todos entre si.  'Quero estar vivo para ver o Sol nascer', se possível, até o dia que as redes colapsarem em si mesmas e todos os fingidores caírem no Vazio Abissal do 'purgatório' da realidade nua e crua.

Autoria: E. E-Kan
Escritos Insólitos
Escrito em 12/06/2023 - 20:04 - Brasil  
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Imagem do Microconto Gigi, de Exordia, Pinterest

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